terça-feira, 9 de junho de 2015

posologia

Getúlio Vargas esquina com a Inácio Bastos. Avenidas por onde trafegam aproximadamente 87 canos de escape por hora, isso em se contando só as motos. Naquele quadrante, uma pequena floricultura e comércio de ervas. Humanos todos, curvados pelo peso de não cavalgar carro, especialmente esses notam o musguinho brotando das lajotas da fachada. Com a impaciência de serem vistos. Bem de frente da tabacaria, disputando a coisa do ar. Com plantas mercadologizadas em vasos de chita num arranjo de verde-marrom muito invejado pela pujante sociedade do tédio-mármore. Na sua varanda-vitrine, vistosas samambaias acenam de modo atmosférico. Fora do escritório e longe da janela do 8º andar, sob os 40 celsius das 13h,se aglomera uma gente de humores aquosos e outros desejos úmidos. Da floricultura em seu retrato - emoldurado de cimento, ferro e fumaça - brota um grande e gorduroso ponto de interrogação por cima da tampa de quem trafega e que descuida um segundinho a atenção para sua divergência. Um sinal verde cintilante que lateja uma coceira, irritação e inchaço. 
 

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