terça-feira, 13 de janeiro de 2015

à rua da aurora

Saberia lembrar daquela tarde terça em que lhe brotou do cangote um pequeno prédio. Mal o cal lhe tingia a gola, já observava o seu prenúncio. Uma laje em quina e uma mostra de ladrilho primeiro. Depois uma antena, quatro andares, e um corpo petrificado. Nem tinha bem seco o reboco e já pincelava de sua pele e seus pelos, enquanto suava uma mancha úmida pelas paredes. As portas ficaram pequenas para o pescoço pedante. Uma propriedade de modesta curvatura em ares de torre personalizado. Andava a passos de ferro retorcido e metal que são próprios da soberba de pedra. Foi num descuido que, ignorante ao mundo orgânico, tropeçou numa reles raiz rasteira, todo desajeitado de seu peso. E tendo a queda lhe atirado estilhaços de vidro pelo corpo, implodia com os olhos respingados pelo vermelho quente de suas plaquetas. Terminou ao seu início; em susto e pedaços. E sua importância concreta alçava voo numa nuvem de poeira. Por isso prefiro as pontes.


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